domingo, 28 de fevereiro de 2010

- learning to deceive


"Pedras me ensinaram a voar
O amor me ensinou a mentir
A vida me ensinou a morrer
Assim, não é díficil cair
Quando você flutua como uma bala de canhão"
Cannonball - Damien Rice

Ilusão! Não a ilusão que os outros nos causam, mas aquelas que são produzidas dentro dos nossos corações.
Acontece que eu sempre pensei que fosse um cara leve, um cara neutro, sempre procurei minhas verdades/mentiras e sempre busquei ser feliz fazendo quem amava feliz.
Eu estava iludido. Ninguém vive sem ser notado, todo mundo tem o seu lado negro, todo mundo é preso ao chão, ainda que com a alma no céu.
Já pensei no modo como as pedras voam quando são jogadas sob um lago em alta velocidade. Não é sempre que a gente consegue decolar, eu aprendi a voar com as pedras. Aprendi que não é só o impulso que vai tirar você do chão, é o jeito do arremesso, aprendi que você vai tocar de leve a superfície e vai pensar que vai cair quando na verdade está pronto para decolar de novo, aprendi que uma hora você vai cair de fato, mas isso não quer dizer que seja ruim, quer dizer apenas que você estará indo para algo novo.
Gostaria de dizer que o amor me ensinou a mentir, mas em algum ponto isso soaria mentiroso. Não foi com ela que aprendi, não acho que o amor minta, talvez ele desvie uma verdade, mas cheio de boas intenções. As mentiras que contei aconteceram por medo de não ser amado, mas isso não quer dizer amor. Isso quer dizer que eu deveria amar mais e entender que se for para ser, não é preciso mentir, não é preciso não ser quem se é. O medo me ensinou a mentir e acreditar em mentiras ditas em nome do amor. Isso foi perigoso e me fez cair muito, mas como foi dito ali em cima, uma hora o vôo termina mesmo e a gente sempre pode tirar uma lição de tudo.
Quanto à morte, aprendi com a vida sim, a gente descobre sempre como as coisas são olhando os opostos. Só que descobri também que isso tem a ver com voar, com voar como as pedras, com ir para algum lugar depois de pensar que já era o fim algumas vezes.
Eu sou mesmo uma bola de canhão, uma pedra que voa, incerta do seu destino final, mas ciente de que é preciso ir para algum lugar. Acabaram de me dizer que sou inconstante, que preciso me decidir. Não dá, não consigo. Minha alma procura a leveza mas nem sempre alcança. E eu vou voando, esbarrando no lago, decolando novamente. Tentando fazer das quedas um novo impulso. Tentando fazer do meu reflexo na água algo lindo e novo, tentando não me molhar mas ciente de que isso também é inevitável.
Equalize !

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