segunda-feira, 8 de março de 2010

- inocência


Com o tempo, acabamos sempre nos tornamos pessoas maduras, aprendemos a lidar com perdas e ilusões já não nos comandam mais. É fato que, não iremos encontrar uma pessoa que sozinha, conseguirá corresponder a tudo que esperamos, seja sexualmente, afetivamente ou intelectualmente. Os que não concordam com isso preferem o troca-troca e curtem a vida. Que bom, que ótimo, então deveriam sofrer menos, certo? O grande problema é que ninguém é maduro suficiente que chega a abrir mão do que lhe resta de inocência. Ainda guardamos pedaços dos contos de fada. Mesmo a vida lá fora brincando com a gente, nos seduzindo com "leve dois, pague um", também nos parece tentadora a idéia de contrariar tudo e encontrar alguém que acalme nossa histeria e nos faça parar nossas as buscas.
Não há nada de errado em curtir um relacionamento que já não é apaixonante, mas que oferece em troca a benção da intimidade e do silêncio compartilhado, sem ninguém mais precisar se preocupar em mentir ou dizer a verdade. Já não é preciso ficar explicando a todo instante suas contradições, seus motivos, seus desejos. Economiza-se muito em palavras, os gestos falam por si. Quer coisa melhor do que poder ficar quieto ao lado de alguém, sem que nenhum dos dois se atrapalhe com isso?
Não é pela ansiedade que se mede a grandeza de um sentimento.

"Sentar, ambos, de frente pra lua, havendo lua, ou de frente pra chuva, havendo chuva, e juntos fazerem um brinde com as taças, contenham elas vinho ou café, a isso chama-se trégua."

Uma relação calma entre duas pessoas que, sem se preocuparem em ser modernos ou eternos, fizeram um do outro seu lugar de repouso. Preguiça de voltar à ativa? Muitas vezes, é. Mas também, vai saber, pode ser amor.

Assistindo CLOSER pela décima vez, me veio uma frase que eu ouvi uma vez "Nenhuma pessoa é lugar de repouso", e ele serviu muito bem para a história do filme, em que quatro pessoas relacionam-se entre si e nunca se davam por satisfeitas, seguindo sempre em busca de algo que não sabem exatamente o que é. É uma idiotice que não permite avanço, que não encontra uma saída, o que é irônico, pois o maior medo dos quatro é justamente a paralisia, precisam estar sempre em movimento. O que contradiz a frase.
E um filme triste. Seco. Ele nos mostra um amplo leque de opções sexuais e descompromisso total com a eternidade. Nada foi feito pra durar! Quem não estiver feliz, é só fazer a mala e bater a porta. Relações mais honestas, mais práticas e mais excitantes. Deveria parecer o paraíso, mas o fato é que terminamos de ver esse filme com um gosto amargo na boca.

Energize!

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