quarta-feira, 3 de março de 2010

- desejo mútuo


'Não diz nada, você não diz nada. Apenas olha para mim e sorri. Quanto tempo dura? Não sei, faz bem pouco que caiu uma estrela e fizemos, ao mesmo tempo e em silêncio, um pedido, dois pedidos. Pedi para saber toca-lá. Ela não me conta seus desejos, sorri com os olhos, com a mesma boca que mais tarde, um dia, depois daqui, poderá me dizer não. Há uma espécie de heroísmo então quando estendo o braço, alongo as mãos, abro os dedos e brota. Toco. Perto da minha a boca se entreabre lenta, úmida, chiclete, branco, conhaque, sabor, vida, intensa, sentido, vermelho, os dentes se chocam, leve ruído, as línguas se misturam. Naufrago em tua boca, esqueço, voo com o vento que passa, afundo. Escuridão e umidade, calor forte do teu corpo contra o meu, calor intenso do meu corpo contra o seu. Amanhã não sei, não sabemos.'

"Quando já nada é intacto, quando tudo na vida vem em pedaços, qualquer coisa que sufoca e os dias ficam iguais aos outros qualquer coisa me vira do avesso e desfaz cada certeza do mundo."

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